quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Eu te darei alívio!

Estamos praticamente vivendo os últimos dias do ano de 2011. Isso é, até certo ponto, um privilégio. Há aqueles que começaram bem o ano, mas não podem dizer o mesmo em relação ao seu término. Talvez você seja um exemplo disso. No início você tinha um bom emprego, mas agora se encontra desempregado; o casamento estava bem, mas desmoronou; as notas da faculdade caíram; faltou dinheiro para pagar a hipoteca; o seu bom filho ou filha se envolveu com quem não deveria; você resolveu “cair fora” da igreja.
Se você está preso a alguma dessas situações ou em outra semelhante, certamente deverá estar cansado. O seu ânimo e a sua estima podem estar em baixa. Nessas horas um desabafo ajuda, mas quem o compreenderá? Porventura compreenderíamos o desabafo de Marta: “...se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão”?[1] Entenderíamos o clamor do condenado crucificado: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?[2] Nem sempre temos a resposta para perguntas desse porte. Isso porque as mesmas advêm do profundo do coração humano, o qual só Jesus pode perscrutar. Logo, sem medo de estar equivocados, podemos afirmar: “Cristo nos entende! Ele nos conhece mais do que nós mesmos o poderíamos!”
Por nos conhecer e se importar com a nossa alma aflita é que ele nos oferece alívio. As suas palavras são animadoras: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28). Que atitude linda! Que palavra poderosa! Quanta autoridade! O nosso Senhor diz: “eu vos aliviarei!”. As pessoas olharão para você e observarão o seu semblante abatido. Elas notarão o seu coração afadigado pelas pressões do dia a dia. Então, poderão apenas lhe oferecer um presente qualquer e dizer: “Que você tenha um feliz ano novo”. Nada, além disso. Mas nada mudará e o rancor continuará a dominá-lo, a tristeza não será afugentada, o medo não se ausentará, e mais uma vez, você correrá o risco de não ter um feliz ano novo.
Portanto, reflita sobre o que se passou, mas pare um pouco e escute a voz do Mestre: “Venha a mim; eu te dou alívio”. Faça como fez Marta, que chamou a Jesus por ocasião da morte de seu irmão Lázaro, e viu a glória de Deus. Imite a Jairo que confiou no filho do carpinteiro de Narazé e não se decepcionou. Coma do pão da vida e não tenha mais fome (Jo 6:35). Dê a preferência da sua vida para Jesus! Tenha um encontro ou um reencontro com ele e viva (Jo 3:16). Lembre-se: Nos braços de Cristo encontramos o alívio que só ele nos pode oferecer. Que ele o abençoe!

Mis. Jailton Sousa Silva



[1] João 11:21
[2] Mt 27:46

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sermões do DEC | Deus se importa

MAIS CONSCIÊNCIA DO CARÁTER E DA COMPAIXÃO DE DEUS

Isaías 6:2-7:
2-Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.
3-E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
4-As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.
5-Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!
6-Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7-com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.

 Introdução:Aflições e conhecimento de Deus estão muito próximos um do outro. As provações tem uma habilidade incrível de fazer com que conheçamos a Deus.
Ao mesmo tempo em que a dor tem o seu lado negativo, ela faz com que a nossa fé cresça e se torne mais substancial. Muitas vezes, Deus se manifesta a nós utilizando-se das circunstâncias difíceis pelas quais passamos.

As aflições são fundamentais no processo de crescimento espiritual. As aflições nos tornam mais sensíveis para perceber e entender um pouco não só do caráter, mas também, da compaixão de Deus.

O jovem Isaías é prova disso! Ele pensava que conhecia a Deus. Mas foi na bigorna da dor que, realmente, ele o conheceu!

Todo o conhecimento que ele possuía a respeito de Deus era sem profundidade. Mas foi no momento mais complicado de sua vida que ele pôde dizer: meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!

 Agora ele podia dizer como disse Jó: Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.

A compreensão de Isaías sobre as coisas e a pessoa de Deus era confusa e superficial. Mas passou a ser clara e profunda.

Para termos consciência do caráter e da compaixão de Deus não podemos ficar viciados a uma comunhão superficial com o Criador.
É preciso mais, muito mais! É necessário experiência! É necessário que nos coloquemos como barros nas mãos do Oleiro a fim de que ele nos amasse e nos molde, conforme a sua vontade!

Com base na experiência de Isaías, descrita no capítulo 6, versículos 2-7, de seu livro, podemos aprender duas importantes lições.

Vamos à primeira:

Em meio às aflições, o caráter de Deus pode ser conhecido.

Observe, por gentileza, o versículo 3 novamente: E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.

Há momentos em nossa vida, que são inesquecíveis. Ao longo de nossa existência, nos deparamos com situações que nos deixam perplexos, maravilhados, atordoados. São momentos inapagáveis da memória!


Isaías passou por algo semelhante. Aquele atribulado jovem viu algo admirável! Descrevendo o que viu, é como se ele não soubesse se estava no céu ou se o céu havia descido.

Teve dificuldade em expor a sua visão. As mais lindas e articuladas palavras do mundo seriam insuficientes para descrever aquela cena. Eram coisas inefáveis, indizíveis!

Ele contemplou o Rei do Universo em seu trono, cercado por poderosos serafins. Seres celestiais que tinham seis asas cada um.[1] Estes formavam um grande coral e cantavam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos, toda terra está cheia da sua glória” (Is 6:2-3).
Isaías teve uma visão da santidade de Deus. Você consegue imaginar o que é isso? A santidade daquele que é totalmente santo era tão gloriosa, fulgente e indescritível que até mesmo os serafins cobriam o rosto, pois não ousavam olhar diretamente para ela. [2]

Meditemos um pouco sobre a santidade de Deus. Na Bíblia há duas idéias básicas sobre ela: A primeira idéia é a da santidade absoluta de Deus.

Isso significa que ele é absolutamente santo porque “está totalmente separado de toda a criação”,[3] e exaltado acima de sua obra, subsistindo em majestade e grandeza infinita.[4]

Ex 15:11 diz: Quem entre os deuses é semelhante a ti, Senhor? Quem é semelhante a ti? Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas? (Ex 15:11 NVI).

O Senhor é o único totalmente santo! E Isaías teve o privilégio de ver isso. Ele viu Deus em seu esplendor, cercado por seres celestes que entoavam um som magnífico. Esses seres enalteciam o Todo-Poderoso por sua perfeita santidade.

Quase oito séculos depois de Isaías, foi o apóstolo João que teve uma visão parecida em Ap 4:8. Ele Viu quatro seres viventes aclamando: Santo, santo, santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso.

Entenda: o caráter santo de Deus é conhecido no Antigo e no Novo Testamento!

O Deus do Antigo Testamento é santo, santo, santo; o Deus do Novo Testamento é santo, santo, santo. Deus é o mesmo. Ele não muda! Aquele que está assentado no alto e sublime trono é e sempre será o Deus santo.

A segunda idéia básica sobre a santidade do Senhor na Bíblia é a santidade ética de Deus. Esta é a expressão de sua perfeita pureza ou bondade.
Deus jamais é atingido ou manchado pelo mal moral ou pelo pecado presente no mundo. O Senhor nunca pratica o mal e nem é tentado por ele. Ele nunca falha; não pode enganar, mentir ou deixar de cumprir o que prometeu;

Deus não pode praticar qualquer ato que contrarie seu caráter, porque ele é moralmente perfeito. Sobre a pessoa de Deus, disse Habacuque no capítulo 1, versículo 13, de seu livro: Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade.

O nosso DEUS É DIFERENTE

Ele é completamente diferente dos deuses de outras religiões. Esses deuses geralmente estão ligados aos mesmos tipos de atos perversos e impuros de seus seguidores.
Mas o nosso Senhor não é assim! Não há sujeira no caráter dele. Não há corrupção no caráter dele. Não há impureza no caráter dele.

Não há maldade no caráter do Senhor. Ele é absolutamente limpo, puro e santo. Deus é justo e age de acordo com os padrões perfeitos da lei que ele mesmo estabeleceu.

Em nosso Deus podemos confiar! Ele é honesto em tudo que faz[5]. E falando nisso, Deus não se agrada dos desonestos.

Infelizmente, muitas vezes prometemos aquilo que não podemos cumprir. Há muitos crentes com o nome sujo na praça; compram e não pagam. Há muitos cristãos imorais e amorais. Por culpa destes, o nome de Cristo está sendo escandalizado no mundo.

 Há muitos que se dizem cristãos, mas não demonstram isso na prática. Muitos vendem o próprio corpo e a própria consciência ao diabo, e negociam o evangelho como se este estivesse à venda. Isso é abominável aos olhos do Deus Santo.

É tempo de imitarmos o Deus a quem servimos. Esse Deus não pode ser corrompido. Não é manipulável. Não aceita suborno. Não é imoral nem amoral. Não tolera injustiça. Não faz acepção. Nem é complacente com o pecado. Pois não abre exceção e nem faz concessão a ele.[6]

 O Senhor nosso Deus cumpre o que promete. Ele honra os seus compromissos e não comete vacilo. Foi dito a respeito dele em Nm 23:19: Deus não é homem para que minta, nem filho de homem para que se arrependa. Acaso ele fala, e deixa de agir? Acaso promete, e deixa de cumprir?

E a resposta é: Jamais!!!

O nosso Deus é exemplar.

O caráter perfeito de Deus é o padrão para nosso caráter e a motivação para vivermos uma vida santa[7]. Deus é nosso maior exemplo! O fundamento de toda moralidade provém da santidade dele.

O povo de Israel ouviu em Lv 11:45: Eu sou o Senhor que os tirou da terra do Egito para ser o seu Deus; por isso, sejam santos, porque eu sou santo.

O padrão continua o mesmo na nova aliança.  1 Pd 1:15, diz: Assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem.

De uma ponta a outra, a Bíblia enfatiza a pureza do caráter de Deus. Ele é totalmente puro e santo!

Você que é servo e serva do Senhor, precisa saber disso: O seu pecado o ofende! Os pensamentos pecaminosos, atos ilícitos, atitudes desonestas e imorais, palavras sujas, mentiras e sentimentos impuros, insultam a Deus e impedem que você o agrade. Portanto, busque a santidade. Consagre-se. Leve Deus a sério. 

Vale à pena conhecer o caráter de Deus. Isaias é prova disso. Quando o homem vê e reconhece a santidade divina, teme e treme diante do Santo Deus. Porque conhecer quem é Deus nos leva a conhecer quem nós somos.

 Ao entender a santidade de Deus, Isaías teve consciência de sua própria impureza e miséria. Até ali, ele era um crente superficial e medíocre, mas, a partir daquele dia, Isaías passou a avançar no processo de santificação.

Em meio às aflições, o caráter de Deus pode ser conhecido. Esta é a primeira importante lição. Vamos, portanto à segunda e última:

           
Em meio às aflições a compaixão de Deus pode ser dispensada.

 Observe, por favor, os versículos 6-7: Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.


            Quando dizemos que a compaixão de Deus é dispensável, nos referimos à sua distribuição, doação.

            Enxergar a compaixão de Deus em meio às aflições não é tão fácil quanto gostaríamos que fosse. Mas também não é impossível.

 Na verdade, deveríamos, sem hesitação, imitar o salmista, que, em meio à aflição da perseguição, reconheceu no Salmo 86:15: ... tu, Senhor, és Deus compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade.

 Contudo, as reações de cada pessoa nem sempre levam a essa atitude. Há aquelas que reagem mal e ignoram ou não percebem a compaixão de Deus, nos momentos ruins da vida.

            Um exemplo muito nítido disso é o profeta Isaías. A princípio, ele reagiu como muitos de nós, provavelmente, reagiríamos, se nos deparássemos com o glorioso Senhor, que estava assentado sobre um alto e sublime trono.

No versículo 5, ele mesmo confessa: Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido!
É possível imaginar a agonia de Isaías. É como se ele dissesse: “chegou a minha hora! Vou morrer porque sou um pecador”.

Por não enxergar a compaixão de Deus, muitos declaram: Não há solução para o meu pecado! Eu pequei na área financeira e não há mais solução para mim! Eu furtei a minha empresa, eu roubei a Deus, fui desonesto, mereço a morte!!!
Eu pequei na área sexual! Eu traí o meu cônjuge, fui infiel a ele, mereço ser apedrejado. Não há mais saída para mim e não há mais perdão para o meu pecado.

Eu forniquei, eu roubei, eu matei, eu fui maledicente. Vou morrer!!! Só me resta juízo!!!

É assim que falamos quando não enxergamos compaixão de Deus. Por isso Isaías falou: Ai de mim! Estou perdido!

             Observando esse texto, será que é possível perceber, em Isaías, esperança na compaixão de Deus? Claro que não! Isaías esperava castigo, juízo, dor e morte. Ele esperava qualquer outra coisa, menos compaixão.

Mas entenda uma coisa: O fato de Isaías não ter enxergado a compaixão divina, não significa que ela não estava ali. Pelo contrário, esta não somente estava ali, como também contribuiu para uma enorme mudança na vida do profeta.

O fato de não enxergarmos, muitas vezes, a compaixão de Deus na hora da crise, não significa que ela não está ali. 

            Quando não enxergamos essa compaixão nas situações adversas, tendemos a olhar para Deus de maneira negativa. Visualizamos um Deus tirano e pobre de amor, cujo intento é castigar, não perdoar.

            Essa visão sobre a pessoa de Deus é errada, equivocada, mesquinha, pobre e ignorante!

Na Bíblia, alguns termos traduzem a palavra compaixão no sentido de poupar, ter piedade e misericórdia. Isaías não morreu, mesmo tendo lábios impuros, porque a compaixão de Deus o poupou.

Você não morreu, mesmo tendo lábios impuros, coração impuro, mãos impuras, olhos impuros, porque a compaixão de Deus te poupou!

            Quem foi Isaías? Sabemos que ele foi um eficiente profeta de Deus e pertencia à família real. Há ainda a possibilidade de ele ter sido um sacerdote.

Pois bem, tendo Isaías tais qualificações, o que as pessoas poderiam esperar dele? Sem dúvida, um caráter íntegro, lábios puros.

São qualidades assim que esperamos encontrar naqueles que nos representam espiritualmente e até mesmo politicamente.
Mas diante de Deus Isaías disse: Ai de mim! Estou perdido! Porque sou um homem de lábios impuros.
Muitos, ao se depararem com estas palavras, diriam: “Que decepção! Isaías caiu no meu conceito!”.
            Nos juntemos e lancemos pedras nele até que morra! Joguemos esse herege na cova de leões! Queimemo-lo na fornalha mais ardente que tivermos!
           
            Sim, ele poderia cair no conceito de muitos, mas não no de Deus.

Quem confessa sinceramente os seus pecados ao Senhor, agrada-o. A confissão de Isaías é real. Ele, de fato, se achava indigno de estar na presença do Rei dos reis. Isaías não era tão santo quanto os serafins que ele visualizara. Ele tinha lábios impuros porque o seu coração era impuro.  

Mas Isaías não estava na presença de um Deus ditador. Ele não estava contemplando a um Deus egoísta, que se importa com sacrifícios e ignora a misericórdia.

Isaías estava na presença do Deus que dispensa compaixão; do Deus que se importa com gente, com ser humano!

Eu estou falando do Deus que se importa comigo! Que se importa contigo meu amado!
O nosso Deus não é igual a Moloque que recebia crianças vivas em suas mãos de ferro, ardendo em brasa.

O Deus de Isaías é o Deus que se importa! O nosso Deus é o Deus que se importa! Ele age em nosso favor!
           
            O versículo 6a do capítulo 6 de Isaías, diz: Então, um dos serafins voou para mim. Esse pequeno trecho, por mais curto que seja e por mais despercebido que passe, muitas vezes, aos nossos olhos, diz-nos muita coisa. Entenda: tudo o que foi escrito, para o nosso ensino foi escrito.

            Considere um fato essencial do texto: um serafim voou ao encontro de Isaías.
Alguém poderia afirmar que a atitude de aproximar-se de Isaías não foi diretamente de Deus, mas do serafim.
Mas a verdade é que nenhum ser angelical está acima do Criador. Todos são submissos a Deus e cumprem as suas ordens. Portanto, embora não esteja explícito no texto, certamente, o serafim foi ao encontro do profeta, por ordem de Deus.
Em outras palavras, Deus tomou a atitude de se aproximar de Isaías.

            Deus não se esconde do ser humano, quando este está passando no meio de uma tempestade de dor.

            Na hora do perigo, batemos de porta em porta em busca de socorro, e elas se fecham agressivamente em cara. Mas Deus não fecha a porta para nós.

Deus não foge de nós, como alguém que se afasta de um leproso para não ser contaminado. Deus se compadece e tem prazer em mudar a nossa situação.

Eu não sei em que situação você veio a esta assembléia. Pode ser que você esteja com o coração em pedaços e com a sua vida espiritual toda bagunçada.

Se é esta a sua condição, acredite: Deus não vai fechar a porta pra você. Ele pode mudar a sua situação para melhor!

Isaías era um homem aflito por causa de seus pecados, um ser humano que se achava indigno de estar na presença do Deus santo. Mas o Senhor veio ao seu encontro.

É o encontro espetacular do ilimitado com o limitado, do Criador com a sua criatura. Por ser Deus de compaixão, ele se importa com a santificação e com a salvação dos seus filhos.

Deus nos trata de modo incomum.

            O serafim não foi ao encontro de Isaías com as “mãos vazias”. Isaías viu o serafim indo ao seu encontro, levando na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz.

Se já não soubéssemos o conteúdo do versículo 7, ficaríamos por demais curiosos para saber a finalidade daquela brasa ardente.

Uma curiosidade revestida de uma dose considerável de medo deve ter mexido com a mente do profeta. Mal sabia ele que o tratamento divino para a sua alma estava a caminho.

            Mas Deus não tinha em mente um tratamento comum para Isaías. O Senhor poderia ter usado as mesmas palavras proferidas por Cristo a um paralítico: Estão perdoados os teus pecados.

Isso mesmo, com apenas algumas palavras, Deus poderia tratar aquele pecador; o pecado seria expurgado de seu corpo e ele se tornaria uma nova criatura. Mas não. Deus queria tratá-lo de outro modo.

O seu tratamento pode ser o mesmo para algumas pessoas, mas não para todas. Então, Isaías declara: ... com a brasa tocou a minha boca

            Que tratamento doloroso! Que aflição! Os lábios de Isaías devem ter ardido de dor!

Onde estava a compaixão divina?- ele poderia perguntar!

Talvez não seja tão fácil enxergar a compaixão do Senhor na rigidez de como ele, às vezes, nos trata, mas é possível enxergá-la no propósito de seu tratamento.

Deus quer nos curar! Ele lida com os nossos pecados de modo firme. Nem sempre gostamos ou aprovamos a forma de como ele trabalha em nós, mas precisamos aceitá-la, porque os métodos dele são sempre eficazes em nosso benefício.

            O resultado da confissão de Isaías e do tratamento produzido pelo Senhor não poderiam ter sido melhores: Perdão. Este era o propósito de Deus para Isaías.

Este é o propósito dele para nós também. Após tê-lo tocado com a brasa, o serafim disse-lhe no v.7: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.

É possível imaginarmos a alegria de Isaías! Nesse versículo, percebemos, de modo ainda mais nítido, a compaixão de Deus.
            Essa experiência foi fundamental na vida do profeta. Ela marca um recomeço de vida para ele.

Antes, a sua iniquidade o havia impedido de alguns privilégios espirituais, pois, de que forma poderiam os lábios impuros repetir o hino angélico?

Mas agora tudo mudou! Deus o perdoou e renovou as suas forças! Ele se tornou alvo da compaixão do Senhor!

            Há coisas que o ser humano pode fazer por si mesmo, mas há outras que somente Deus pode fazer por ele. Isaías sabia disso muito bem. Ele era ciente de que era o fogo de Deus que purificava.

A nossa restauração não está alicerçada em obra humana, mas divina. Por ser compassivo, Deus aceita a confissão de um pecador, importa-se com ele e trata as suas feridas espirituais.

Por ser compassivo, Deus restaura pessoas anêmicas espirituais e pastores em crise ministerial.

Por ser compassivo, Deus restaurou Isaías. A compaixão divina é atual e vale para nós, também. Portanto, em meio às aflições, a compaixão de Deus pode ser dispensada!

Chegamos à conclusão desta mensagem. Mais consciência do caráter e da compaixão de Deus é a nossa proposta para hoje.

O caráter de Deus pode ser conhecido! Deus é santo, justo, honesto. Ele hoje não nos trouxe aqui por acaso. Quando se tem consciência de que Deus é essencialmente santo, não resta fazermos outra coisa a não ser imitá-lo.

Se nas aflições tivermos mais consciência do caráter de nosso Deus, nas aflições não aceitaremos suborno contra o inocente,
não nos apossaremos daquilo que não nos pertence,
não falaremos palavras torpes,
não usaremos de má fé para com as pessoas e não ludibriaremos os incautos! Pelo contrário, agiremos com honestidade e justiça.

Deus é o nosso espelho, o nosso modelo!

A compaixão de Deus pode ser dispensada. Deus é compassivo, misericordioso e bom.

Se nas aflições tivermos mais consciência da compaixão de Deus, nas aflições também entenderemos que não estamos sós,
que somos aceitos por Cristo,
que o nosso Deus nos ama,
que ele não nos joga fora, apesar do pecado que outrora cometemos.

Quando se tem consciência da compaixão de Deus, não há como não se constranger com o seu amor e não ser impulsionado a usar de compaixão para com o pecador em volta.

Tenha mais consciência do caráter e da compaixão de Deus, e tenha uma vida voltada para a glória dele! Amém!

 Obs:  Este sermão é uma adaptação realizada por Jailton Sousa Silva, do conteúdo do livro "AS DÁDIVAS DAS AFLIÇÕES: o resultado do sofrimento na santificação", o qual foi produzido pelo DEC (Departamento de Educação Cristã) da IAP.




[1] Grudem (1999:335). 
[2] Champlin (2000:2807).
[3] Erickson (1997:118).
[4] Berkhof (2007:71).
[5] Erickson (1997:119).
[6] Lopes (1999:43).
[7] Erickson (1997:119).