sexta-feira, 25 de março de 2011

FOI POR VOCÊ


INTRODUÇÃO: Que a paz do Senhor Jesus esteja com todos vocês, irmãos e irmãs. Peço, por gentileza, que todos abram as suas Bíblias no Evangelho de Lucas, capítulo 23. Nós leremos o versículo 25. Este texto será a base do nosso sermão. Na versão Almeida Revista e Atualizada, está escrito assim:


Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles pediam; e, quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles.

O capítulo 23 do Evangelho de Lucas é intrigante. A narrativa gira em torno de alguns personagens, mas gostaríamos de enfatizar dois deles. O primeiro é Jesus. O evangelista começa descrevendo as pesadas acusações a este jovem judeu. O governador romano, Pilatos, ouvira Jesus ser acusado de perverter a multidão, de vedar o pagamento de impostos a César e de se haver declarado o Cristo, o Rei dos judeus (Lc 23:2).
            As duas primeiras acusações eram infundadas, e a terceira, verdadeira. Jesus é o Cristo enviado de Deus! A sua inocência era óbvia, mas ele tinha de ser sacrificado a qualquer custo, pois esta era a vontade dos seus inimigos. O segundo personagem chama-se Barrabás. Este estava preso e condenado. A ira, a intolerância, o medo, a injustiça, a culpa, a insensatez e o perdão passaram a dominar o episódio narrado nos primeiros 25 versículos do texto. É nesse mesclado de fatos e sentimentos que a história de ambos se entrelaça. Algo completamente inusitado estava para ocorrer.
            Nem tudo o que acontece em nossas vidas é consequência do acaso. Os propósitos de Deus deverão ser levados em consideração, quando acontecer o inesperado à nossa volta. A morte de Cristo não foi um acidente de percurso, mas uma agenda da Trindade. A escolha da multidão por Barrabás e a sua rejeição a Cristo não aconteceram por acaso. A morte de Jesus foi completamente voluntária, isto é, ele quis se submeter a ela para que ficássemos vivos. O episódio que abordaremos hoje não é apenas uma história de sofrimento, mas, acima de tudo, uma prova de amor, que nos conduz a três importantes certezas. Vamos à primeira:

I.              JESUS MORREU PARA LIVRAR VOCÊ DA PRISÃO

            Após muito tempo de buscas, a polícia romana finalmente conseguiu capturar Barrabás. Os soldados o seguraram com força, algemaram-lhe as mãos e o lançaram na prisão. O homem que, antes, era o assassino revolucionário mais procurado do país, agora não passava de um prisioneiro indefeso. A vida de crimes havia chegado ao fim para ele e para muitos dos seus companheiros. Lucas aborda esta prisão, no capítulo 23, versículo 19 do seu evangelho, da seguinte maneira: Barrabás estava no cárcere por causa de uma sedição na cidade e também por homicídio (grifo nosso).
            Lucas, no entanto, não é o único a abordar esse acontecimento. Mateus, Marcos e João também mencionam o ocorrido, isto é, os quatro evangelhos são unânimes em afirmar que Barrabás, de fato, estava preso (Mt 27:16; Mc 15:7; Jo 18:39-40). Esse prisioneiro sabia que havia se metido numa tremenda enrascada. Barrabás estava, provavelmente, preso na fortaleza de Antonia, a “cadeia” para a maioria dos prisioneiros na antiga Jerusalém.[1] Ele estava encrencado. O seu presente era a prisão, mas o seu destino final seria a morte. Esta era, talvez, a sua única certeza, naquele momento.
            Mas a história de Barrabás começa a caminhar para um desfecho diferente. Do lado de fora da fortaleza onde ele estava preso, havia um grande tumulto que deixara Pilatos, o governador romano, preocupado. A multidão enfurecida exigia a “cabeça” de Jesus. Mas Pilatos sabia que este não merecia morrer. É aqui que Barrabás entra em cena novamente. Na inútil tentativa de impedir a condenação de Cristo, o governador expôs os dois réus ao julgamento da multidão e dos líderes judeus, e perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? Responderam eles: Barrabás! (Mt 27:21). Talvez, este prisioneiro nunca ouvira o seu nome soar tão agradavelmente como naquele momento! Barrabás, finalmente, podia dizer: “Estou livre!”
            Por que Barrabás foi solto? Seria por bondade de Pilatos? Seria por compaixão da multidão? Não. Nada disso resultou na libertação desse prisioneiro. Por favor, observe o versículo 25 do capítulo 23 de Lucas: Soltou aquele que estava encarcerado por causa da sedição e do homicídio, a quem eles pediam; e quanto a Jesus, entregou-o à vontade deles. O que houve foi uma substituição, isto é, Barrabás foi solto porque Cristo tomou o seu lugar. Se Cristo não tivesse cruzado o seu caminho, ele seria torturado, pregado e morto sobre a vergonhosa cruz. Ele foi liberto porque um homem inocente foi condenado.
Em que prisão você se encontra? O que lhe impede de se tornar uma nova criatura? Está você acorrentado por algum vício hediondo? Saiba que é Jesus quem liberta você do cárcere em que está confinado. Ele tem poder para livrá-lo das garras devastadoras do pecado! Jesus o libertará do domínio desse vírus exterminador de vidas. Há uma verdade por trás de toda essa história: Jesus foi preso para livrar não somente a Barrabás, mas também, para livrar você da prisão! Ele veio proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor (Lc 4:18-19).

Não resta dúvida: Jesus morreu para livrar você da prisão. Esta é a primeira certeza a que fomos conduzidos. Vejamos, portanto, a segunda certeza:

II.            JESUS MORREU PARA PERDOAR VOCÊ DA CULPA

Como vimos, Barrabás estava preso em uma fortaleza bem segura de Jerusalém. No entanto, perguntamos: O que o levou ao cárcere? Era ele culpado para merecer estar ali? Observe, na sua Bíblia, o que nos responde o texto de Lucas 23:19: Barrabás estava no cárcere por causa de uma sedição na cidade e também por homicídio (grifo nosso). A clareza do texto não nos deixa dúvida: Barrabás era culpado. A sua má fama era notável, tanto para os judeus quanto para os romanos, em razão de seus atos de terrorismo. Pelos maus, ele era odiado, e pelos bons, era temido.
            Não era à toa que as autoridades haviam se mobilizado para capturá-lo. Barrabás representava perigo constante, tanto para a estabilidade do Império quanto para a segurança da sociedade. As pessoas que têm a mesma índole de Barrabás não podem viver à solta, pois comprometem a integridade física dos outros. Barrabás tinha sido preso e condenado por homicídio e tumulto. Tumulto é uma palavra que descreve a rebelião contra as autoridades governantes.[2] Podemos dizer que ele era um revolucionário político que insuflava as pessoas contra o governo. Mas o seu grau de periculosidade não terminava por aí.
            Barrabás fazia parte do grupo dos sicários, ou seja, assassinos pagos, que portavam uma adaga escondida para o homicídio. Eles eram violentos, zelotes fanáticos e recebiam dinheiro para assassinato por qualquer meio possível.[3] No caso dele, portanto, a prisão foi justa, pois ele era “ficha suja”. As acusações contra Barrabás tinham procedência. Em contrapartida, Jesus havia sido acusado injustamente. Ele não tinha culpa alguma. As calúnias lançadas contra ele foram as mais aberrantes possíveis! Pilatos testemunhou a seu favor, dizendo: Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte (Lc 23:22).
            Além de Pilatos, Pedro, tempos depois, declarou acerca de Jesus: Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida; e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas (At 3:14,15). O assassino Barrabás foi absolvido da sua culpa. Jesus pagou a pena por ele. Vivemos, na pele, a experiência de Barrabás. Eu e você somos o condenado que recebeu o perdão pela morte do Santo e Justo. A nossa realidade não é de outro mundo, mas a mesma desse pecador. Talvez nunca tenhamos cometido os mesmos delitos dele, mas, igualmente, carecemos da morte substitutiva de Cristo, pois também pecamos e fomos destituídos da glória de Deus.
            É possível que, na sua mente, tenha se passado, em fração de segundos, todo um filme da sua vida pecaminosa de outrora. Talvez você viva angustiado por pensar que nada e ninguém poderão apagar os seus erros antes cometidos. Se você pensa assim, você nunca esteve tão equivocado! Jesus perdoa você. Uma das declarações mais sublimes das Escrituras é esta: Pois Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus (1Pd 3:18). Agarre-se à certeza de que o sangue de Jesus é suficiente para purificá-lo de todo pecado. Se você crê no perdão através do sacrifício de Cristo, já não é mais culpado, pois ele rasgou todo escrito de dívida que havia contra você!

Como vimos, Jesus morreu para perdoar você da culpa. Essa é a segunda certeza a que fomos conduzidos. Vejamos, portanto, a terceira e última:

III.           JESUS MORREU PARA SALVAR VOCÊ DA MORTE

O zelote assassino estava preso e prestes a vivenciar aqueles que seriam os momentos mais torturantes da sua vida. Barrabás nem precisava pensar muito para prever que o seu futuro não seria dos melhores. Os romanos jamais o soltariam, a não ser por um “milagre”! Talvez ele nutrisse alguma esperança de que um grupo de zelotes se mobilizasse e o resgatasse da prisão. Mas o cárcere onde estava era bem guardado por vários soldados bem armados. Logo, tentar resgatá-lo seria, praticamente, uma operação suicida. Dificilmente alguém se atreveria a tanto.
            O resgate, portanto, estava descartado. Ele não tinha direito à fiança, nem a habeas corpus. O bandido não tinha escapatórias. Por mais que ele procurasse, não encontrava uma saída, nem uma luz no “final do túnel”. Nesse caso, a sua imaginação era invadida constantemente pela seguinte certeza: “Será inevitável: eu vou morrer”. A situação dele era bastante complicada, mas ficaria pior. Ele sabia que a sua morte não seria rápida, pois esperava que ela viesse por crucificação. Ele também agonizaria o castigo dos duros açoites. A morte por crucificação era a mais cruel, até então. O marginal, muitas vezes, ficava vários dias pregado na cruz, morrendo lentamente, até sucumbir de vez, diante da sede, da fome, do cansaço e da asfixia.
            Barrabás estava prestes a passar por tudo isso. Mas, minutos antes de sua crucificação, a sua sentença fora anulada, e o seu lugar, preenchido por um inocente. É isso mesmo: Cristo foi crucificado no lugar de Barrabás! Ele morreu para que o ex-prisioneiro vivesse. O texto de Lucas 23:21 descreve o veredito da multidão: Eles, porém, mais gritavam: Crucifica-o! Crucifica-o! Observe que a sentença continua a mesma, isto é, morte por crucificação. O que muda são os personagens! Os papéis são invertidos e o inocente paga pelo erro do culpado. Quem está marcado para morrer, agora, é Cristo, não Barrabás.
            Amados irmãos e irmãs, a cruz na qual Jesus morreu não pertencia a ele. O carpinteiro que a construiu a fez na medida para Barrabás, mas jamais imaginou que Cristo a usaria. A cruz era nossa, os açoites eram nossos, a morte era nossa. Mas o amor de Cristo é muito maior do que o peso da cruz, da dor dos açoites e da própria morte! Ele morreu para que vivêssemos! “É isso que se chama expiação ‘substitutiva’. Ele tomou o nosso lugar, levou os nossos pecados, pagou a nossa dívida e morreu a nossa morte”.[4] Graças a ele, não recebemos o que, de fato, merecíamos. E o que merecíamos? Nada menos que a morte, pois ela é o salário que havia sido destinado a nós (Rm 6:23).  
            Há muitas pessoas que, à semelhança de Barrabás, se encontram no corredor da morte, por causa dos seus delitos e pecados. Se você é um desses, saiba que há uma boa notícia para você: Jesus morreu em seu lugar, para lhe dar vida! Por ele, você tem acesso ao dom gratuito de Deus, que é a vida eterna (Rm 6:23). Se você crer na salvação por intermédio de Cristo, então obterá essa vida, pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16). Jesus se entregou à morte por amor a você. Não há maior amor do que esse.  
           
CONCLUSÃO: A morte de Cristo é um fato formidável, não por causa das calúnias que ele suportou calado, da coroa de espinhos que furaram as suas frontes, dos açoites que rasgaram a sua carne, das cuspidas que mancharam o seu rosto, dos escárnios que agrediram a sua moral, do abandono daqueles que lhe juraram fidelidade até a morte, da dor insuportável dos cravos fincados em suas mãos e em seus pés, da falta de líquido em seu organismo, nem mesmo pelo brutal peso da cruz. A morte de Cristo é magnífica não pelo modo como ocorreu, mas pelo propósito que havia por trás dela.  
O propósito desse acontecimento, que, há milênios, vem sendo anunciado no mundo, e que tem confundindo o entendimento dos mais notáveis estudiosos, é a salvação da humanidade. Jesus morreu por mim e por você! Éramos prisioneiros e estávamos debaixo do domínio do pecado. Mas Cristo interveio em nosso favor e, de uma vez por todas, nos libertou das algemas e do cárcere em que nos encontrávamos. Ele tomou o nosso lugar e, por isso, somos livres! Éramos completamente culpados; estávamos em débito, diante de Deus; mas Cristo levou a nossa culpa sobre a sua carne e, com o seu sangue, nos purificou de todo o pecado.
Éramos condenados; estávamos no corredor da morte e a pouquíssimo tempo da nossa execução; mas Jesus tomou a nossa cruz. Ele a levou ao monte chamado Caveira, e, nela, morreu de braços abertos. Esse acontecimento mudou a nossa vida para sempre! Ele demonstra tanto o imensurável amor de Deus quanto a sua justiça (Rm 5:8). Enfim, Jesus se entregou e morreu por você. Ele fez a parte que lhe cabia. No entanto, somente você poderá tomar a decisão de aceitar esse sacrifício redentor ou não. Quer você experimentar, agora mesmo, a dádiva da salvação? Quer ser liberto da prisão, da culpa e da morte? Então, renda-se, agora mesmo, aos pés de Cristo e aceite-o como Senhor e Salvador da sua vida!




BIBLIOGRAFIA

GARDNER, Paul. Quem é quem na Bíblia Sagrada. São Paulo: Editora vida, 1999.

HOUSTON, Tom. Personagens ao redor da cruz. Curitiba: Encontro, 2007.

STOTT, John. Por que sou cristão. Viçosa, MG: Ultimato, 2004.

SWINDOLL, Charles R. O caminho de sua paixão: marcado para morrer. São Paulo: Naós, 2005.


[1] Swindoll (2005:108)
[2] Swindoll (2005:106)
[3] Swindoll apud Barclay (2005:107)
[4] Stott (2004:61)

Sermão produzido pela FESOFAP

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