
Não demorou e os resultados
provocados pelas manifestações logo apareceram. Em vários Estados brasileiros,
o preço da passagem urbana foi reduzido. A Câmara dos Deputados foi
praticamente “forçada” a derrubar a PEC 37, a proposta de emenda constitucional
que tirava poderes de investigação do Ministério Público. Caso fosse aprovada,
a PEC 37 inviabilizaria algumas investigações como: desvio de verbas, crime
organizado, abusos cometidos por agentes dos Estados e violações de direitos
humanos. 430 votos, porém, lançaram por terra tal proposta. Esta foi, sem
dúvida, uma grande vitória, mas não a única. A Câmara também aprovou o projeto que determina que 75% dos recursos dos
royalties do petróleo da união, estados e municípios sejam destinados à
educação. E 25% à saúde. Diferente do projeto original do governo que previa a
aplicação de 100% das receitas em educação.[1] O povo
foi para as ruas e a presidente da república, para a TV dar satisfações à
nação. Incrível isso, não é mesmo? O que se conclui de tudo isso? Que um povo
unido é um povo forte e um povo forte é difícil de ser batido.
O povo de
Deus é forte. E isso não é de agora. No Egito, os hebreus cresciam numa
proporção avassaladora. Tal crescimento assustou o governo nacional, que
começou a executar o seu plano no sentido de impedi-lo. Faraó, então, passou a
escravizar os hebreus, porém, quanto mais
os afligiam, tanto mais se multiplicavam e tanto mais se espalhavam (Êx
1:12). Não morreram à míngua no Egito, pois Deus os libertou da escravidão (Sl
136:10-12). Anos mais tarde esse mesmo povo (ou a descendência dele), com a
ajuda de Deus, se apossou da terra dos cananeus (Jr 32:21-22). Em união, todos
fizeram a sua parte e alcançaram o tão almejado descanso.
O povo de
Deus de hoje é a igreja, composta tanto de judeus quanto de gentios e não é
pequena. Há verdadeiros cristãos espalhados por todos os continentes do
planeta. No Brasil, os evangélicos são muitos. Segundo pesquisa divulgada em
junho de 2012, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
número de evangélicos subiu de 26,2 milhões para 42,3 milhões até 2010.[2] A voz da
igreja, portanto, tem peso na nação.
O que fazer,
portanto, com tal trunfo nas mãos? Como nós, cristãos, devemos usar o peso de nossa
voz numa sociedade cauterizada pelos problemas de ordem social e espiritual?
Pois bem, Jesus disse que devemos agir como sal da terra e luz do mundo (Mt
5:13-14). Ele não quer que andemos em conformidade com este sistema caído
chamado mundo, mas na contramão de seu percurso. Temos dupla cidadania, isto é,
somos cidadãos da terra e do céu. Ainda temos muito por fazer. Isso mesmo,
podemos fazer algo por esta pátria. Esta na hora de olharmos para fora das
quatro paredes do templo e refletirmos sobre a súbita mudança de postura da
sociedade brasileira revelada nas manifestações.
Os filhos
do reino de Deus não se conformam com a impunidade nem com a injustiça social. Como
cidadãos do reino, temos a mente de Cristo; como cidadãos do Brasil, temos o
voto. Ambas as armas são potentes. Devemos usá-las. Assim sendo, que tal nos unir
e omitirmos o nosso voto aos candidatos envolvidos em esquema de corrupção?
Nada de votar em ficha suja; nada de vender o voto. Cristo não faria isso. Que
tal rejeitarmos nas urnas aqueles que falam de honestidade, mas se apressam em
defender a corruptos? Em vez de nos deixar seduzir pelo carisma, avaliemos projetos,
propostas, princípios e se estes não contrariam aos princípios mais
importantes, que caracterizam o reino de Deus. A união faz força. A união faz a
diferença. Geração metanoia, acorda!
Em Cristo,
Jailton Sousa Silva